O problema do mal geralmente
assume a forma de um tétrade inconsistente:
i) Deus é omnipotente
ii) Deus é omnisciente
iii) Deus é benevolente
iv) O mal existe
Este problema costuma ser usado por ateus como argumento contra a existência de Deus. Um ateu tenta mostrar que estes pontos são
mutuamente inconsistentes, gerando assim um dilema para o cristão. Para evitar a inconsistência, um cristão tem de prescindir de pelo menos uma das
proposições. Se, no entanto, (i-iii) não são negociáveis, então o seu sistema
de crenças falha. Como é um sistema de tudo ou nada, se for
inconsistente em qualquer ponto, então tem que abandonar-se o todo.
Mas um problema com o
argumento do mal é que ele ataca uma versão muito abstrata de teísmo. Algo derivado
da teologia filosófica. Teísmo clássico ou teologia do ser perfeito.
Normalmente, o argumento
do mal não é formulado em referência a uma religião histórica viva, como o
judaísmo do AT ou o cristianismo do NT.
Por exemplo, seria muito
mais difícil mostrar que o argumento do mal refuta a existência de Yahweh, uma vez que Yahweh não é
"benevolente" no sentido em que os ateus normalmente definem a
benevolência ao formular o argumento do mal. Na verdade, muitos incrédulos
rejeitam o teísmo bíblico porque pensam que Yahweh, Jesus e/ou Deus, o Pai, não é benevolente como eles veem a benevolência. Eles ficam melindrados com várias ações divinas, ordens e proibições na
Escritura.
Mas aonde isso leva o
argumento do mal? Se, pela sua própria admissão, o teísmo bíblico não se conforma
com as suas noções preconcebidas de benevolência, então a existência do mal
está em consonância com a existência de uma Deidade como essa.
Além disso, a existência do mal é uma pressuposição necessária do teísmo bíblico. Se vivêssemos num mundo desprovido de mal moral e natural, a ausência, em vez da presença do mal, falsificaria a descrição bíblica da realidade. A história da Bíblia está repleta de mal. A salvação e o juízo escatológico são o remédio final.
Além disso, a existência do mal é uma pressuposição necessária do teísmo bíblico. Se vivêssemos num mundo desprovido de mal moral e natural, a ausência, em vez da presença do mal, falsificaria a descrição bíblica da realidade. A história da Bíblia está repleta de mal. A salvação e o juízo escatológico são o remédio final.
Dito de forma mais telegráfica:
ResponderEliminarPode não acreditar-se na existência de Yahweh, mas não por causa de existir mal no mundo. Se Yahweh existe, o Deus do AT e NT, o que é esperado ver por todo o mundo é precisamente a existência do mal.
A existência do mal faz parte do plano que Deus formou em si mesmo antes da fundação do mundo.
Sem a existência do mal, Deus não podia manifestar a sua graça e a sua misericórdia.
Sem a existência do mal, Deus não podia manifestar a sua justiça e o seu poder.
Sem a existência do mal, Deus não podia manifestar a sua fidelidade e a sua providência.
Sem a existência do mal, o Filho de Deus não tinha razão para encarnar e fazer-se homem semelhante a nós. Nem podia manifestar o seu amor supremo dando a sua vida por nós.
A existência do mal é instrumental para conseguir um bem maior.