domingo, 24 de setembro de 2017

A primazia «petrina» nos séculos II, III, IV, V e VI


A primazia «petrina» tal como a entende a Igreja Católica é uma doutrina falsa que só conseguiu impor-se depois do Cisma entre Oriente e Ocidente. Roma definiu ela própria tal primazia, e claro está, somente ela crê nela.

Nos primeiros séculos da Igreja a sede romana era tida por muito excelente, e inclusive como a primeira entre iguais (primado de honra) mas não tinha autoridade sobre outras sedes patriarcais como Bizâncio, Alexandria, Antioquia, etc.

No século II, quando o bispo romano Vítor quis impor a sua opinião acerca da páscoa, foi repreendido tanto pelos asiáticos como por Ireneu.

No século III, quando o bispo romano Estêvão quis impor a sua opinião sobre o batismo dos hereges foi rejeitado frontalmente por Cipriano à cabeça dos bispos africanos e por Firmiliano à frente dos asiáticos.

No século IV o bispo de Roma Libério foi censurado pela Igreja universal por assinar uma confissão de fé ariana (testemunhos de Atanásio, Hilário de Poitiers, Jerónimo, Hermas Sozómeno, Faustino e Marcelino).

No século V o bispo de Roma Zósimo considerou ortodoxos Celéstio e Pelágio, e teve que ser corregido pelos bispos africanos. Também lhe foi negado o direito de ouvir apelações, pelo que esgrimiu um cânon de Niceia, que na realidade era do Concílio local de Sárdica.

No século VI reuniu-se o Concílio II Constantinopla, considerado o V Concílio Ecuménico, Vigílio era o bispo de Roma, e tal Concílio reuniu-se “sem a sua presença, e inclusive, apesar do seu protesto”, nas palavras do Professor Hubert Jedin.

Se a alguém parece que isto não demonstra que os bispos de Roma não possuíam pelo menos até ao século VI uma autoridade superior à de outros bispos, e que não tinham de modo algum a primazia de jurisdição e ensino que hoje a Igreja romana lhes atribui, é porque está cego à evidência histórica.

3 comentários:

  1. Vc teria um artigo sobre o cânon? Os católicos afirmam que so temos a bíblia graças a igreja católica romana

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    1. Essa afirmação é uma dupla patetice. Nem os escritores da Bíblia eram católicos romanos, - e mesmo que fossem eram eles os autores não a instituição em geral - nem as cópias dos textos originais que chegaram até nós são produção da Igreja católica romana. O texto do AT é traduzido do texto massorético que é produto de judeus, e o texto do NT baseia-se em manuscritos bizantinos, oriundos da europa oriental e em códices gregos do século IV e V que também não são produto da Igreja de Roma.

      Se reparar aqui ao lado há uma lista de temas que tem 26 artigos com a etiqueta "O Cânon Bíblico"

      https://conhecereis-a-verdade.blogspot.pt/search/label/O%20C%C3%A2non%20B%C3%ADblico

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    2. Alíás, a nossa Bíblia é diferente, quer na tradução, quer no número de livros que contém, da Bíblia utilizada na igreja católica romana, logo nunca poderia ser graças a ela que a temos.

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