sábado, 30 de setembro de 2017
Jesus e a Bíblia
domingo, 24 de setembro de 2017
A primazia «petrina» nos séculos II, III, IV, V e VI
A primazia «petrina» tal como a entende a Igreja Católica é uma doutrina falsa que só conseguiu impor-se depois do Cisma entre Oriente e Ocidente. Roma definiu ela própria tal primazia, e claro está, somente ela crê nela.
Nos primeiros séculos da Igreja a sede romana era tida por muito excelente, e inclusive como a primeira entre iguais (primado de honra) mas não tinha autoridade sobre outras sedes patriarcais como Bizâncio, Alexandria, Antioquia, etc.
No século II, quando o bispo romano Vítor quis impor a sua opinião acerca da páscoa, foi repreendido tanto pelos asiáticos como por Ireneu.
No século III, quando o bispo romano Estêvão quis impor a sua opinião sobre o batismo dos hereges foi rejeitado frontalmente por Cipriano à cabeça dos bispos africanos e por Firmiliano à frente dos asiáticos.
No século IV o bispo de Roma Libério foi censurado pela Igreja universal por assinar uma confissão de fé ariana (testemunhos de Atanásio, Hilário de Poitiers, Jerónimo, Hermas Sozómeno, Faustino e Marcelino).
No século V o bispo de Roma Zósimo considerou ortodoxos Celéstio e Pelágio, e teve que ser corregido pelos bispos africanos. Também lhe foi negado o direito de ouvir apelações, pelo que esgrimiu um cânon de Niceia, que na realidade era do Concílio local de Sárdica.
No século VI reuniu-se o Concílio II Constantinopla, considerado o V Concílio Ecuménico, Vigílio era o bispo de Roma, e tal Concílio reuniu-se “sem a sua presença, e inclusive, apesar do seu protesto”, nas palavras do Professor Hubert Jedin.
Se a alguém parece que isto não demonstra que os bispos de Roma não possuíam pelo menos até ao século VI uma autoridade superior à de outros bispos, e que não tinham de modo algum a primazia de jurisdição e ensino que hoje a Igreja romana lhes atribui, é porque está cego à evidência histórica.